Sistematização da experiência com processo de transição agroecológica em unidade de produção familiar em ambiente de montanha na região serrana fluminense.

Resumo

Esse trabalho visa sistematizar a experiência agrícola de uma família em uma propriedade em transição agroecológica, localizada na região rural do município de Nova Friburgo, Rio de Janeiro. As ações desenvolvidas com o intuito de modificar as formas de manejo dos agroecossistemas são complexas e, normalmente, os resultados não são imediatos e contém certo grau de incerteza. Assim, torna-se necessária uma atitude reflexiva sobre as práticas, reavaliando com frequência as ações realizadas, os resultados obtidos e onde se deseja chegar. A família Ferreira, proprietária do sítio Hikari, inicialmente era produtora de hortaliças convencionais como alface, couve-flor, tomate e beterraba. Visando outras opções que pudessem proporcionar maior retorno econômico à família, buscaram alternativas produtivas. Como viveram seis anos no Japão, tinham conhecimentos que facilitaram a produção de produtos da culinária oriental. Em 2002, tiveram contato com pesquisadores da Pesagro-Rio que os motivaram quanto á necessidade de adotar práticas de manejo ecológico nos sistemas produtivos. As orientações foram determinantes para a experimentação com avaliação positiva de certas práticas como: compostagem de resíduos orgânicos, uso de adubos verdes e de cobertura morta no solo e diversificação produtiva. Em 2010, firmaram parceria com a Embrapa Solos e montaram um sistema de produção de tomates inovador e adaptado à região (TOMATEC). A forte precipitação ocorrida em janeiro de 2011 provocou desbarrancamento e deposição de sedimentos nas áreas produtivas, impossibilitando por meses a produção agrícola. Na busca por soluções, conheceram os pesquisadores da Embrapa que atuam no Núcleo de Pesquisa e Treinamento para Agricultores da Região Serrana Fluminense e, com a colaboração de outras unidades da Embrapa, iniciaram a recuperação do solo na propriedade. As técnicas utilizadas como o uso de plantas para adubação verde, sistema de plantio direto e adubos orgânicos foram fundamentais para a recuperação produtiva do agroecossistema. Os projetos e ações desenvolvidas por instituições de pesquisa e extensão favoreceram a adoção, por parte dos agricultores, de práticas de manejo mais sustentáveis e adequadas à realidade produtiva da região. Os resultados positivos das práticas agroecológicas subsidiaram a mudança do manejo na propriedade, onde a família em questão tem papel multiplicador dessas práticas na comunidade.